A principal linha de investigação da CPI da Covid-19 volta ao centro das atenções da comissão na próxima semana de trabalhos. Com dois dias de sessões destinadas exclusivamente ao caso da compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin, os senadores querem esclarecer detalhes sobre os papeis da Precisa Medicamentos, do Ministério da Saúde e de outros setores do governo do presidente Jair Bolsonaro na aquisição do imunizante indiano – a União anunciou que irá rescindir o contrato após denúncias de irregularidades apresentadas pelos irmãos Miranda. Em um dos momentos mais aguardados pelos integrantes do colegiado, ficarão frente a frente o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni.
Para a terça-feira, 17, está previsto o depoimento de Francisco Araújo Filho, ex-secretário de Saúde do Distrito Federal. No entanto, Araújo recebeu autorização da Justiça Federal do DF para viajar a Manaus entre os dias 12 e 22 de agosto. Preso em agosto do ano passado, o ex-secretário de Saúde do DF foi um dos alvos da Operação Falso Negativo. Ele e outras 14 pessoas viraram réus, acusados de organização criminosa, fraude à licitação, fraude na entrega de uma mercadoria por outra e peculato – o prejuízo aos cofres públicos é estimado em R$ 46 milhões. Investigada no caso Covaxin, a Precisa Medicamentos também é parte de um processo do Tribunal de Contas do DF (TCDF) que apura se houve superfaturamento na compra de 150 mil testes rápidos de Covid-19 pelo governo do Distrito Federal (GDF). “Espero que ele [Araújo] fale a verdade, porque o modus operandi é o mesmo. O que aconteceu no Distrito Federal é o mesmo que acontece no Ministério da Saúde. O que tentaram fazer no Ministério da Saúde se concretizou aqui. Aqui foi caso concreto. Por isso, é importante esclarecer essa relação”, disse o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Em razão da viagem de Araújo ao Estado do Amazonas, os senadores avaliam ouvir, em seu lugar, Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, auditor do Tribunal de Contas da União (TCU), apontado como responsável por elaborar um relatório indicando que metade das mortes por Covid-19 no país eram fictícias – o documento fraudado chegou a ser citado por Bolsonaro em mais de uma ocasião.
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